Capitulo 18
O Teatro do século xx: Nelson Rodrigues e Ariano Suassuna
Nelson Rodrigues: Pelo buraco da fechadura
O Escritor e jornalista,
Nelson Rodrigues (1912-1980) é considerado o pai do teatro moderno
brasileiro. Em 1942, a encenação de Vestido de Noiva, segunda peça
de Nelson Rodrigues , sob direção de Ziembinski, revoluciona a
dramaturgia brasileira e faz um estrondoso sucesso. A montagem inova
ao trazer para o palco três planos simultâneos, divididos entre a
realidade, memória e a alucinação de Alaíde, personagem
principal, que fora atropelada após ter mantido uma relação
adultera com o marido de sua irmã.
O teatro de Nelson
Rodrigues representa quase sempre uma realidade pequeno-burguesa e
,por meio de temos como o sexo, o adultério, o ciúme ,o incesto, o
suicídio , o assassinato corrupção moral por trás de seu
comportamento. O critico e dramaturgo Sábato Magaldi dividiu o
teatro Nelson Rodrigues em três núcleos , que frequentemente se
interpenetram : as Tragédias psicológicas , como Vestido de Noiva;
As tragédias míticas, como Álbum de família; as Tragédias
cariocas,como Beijo no asfalto.
Suassuna: O erudito a partir do popular
Em uma vertente diversa da de Nelson Rodrigues , Ariano Suassuna reinventou á sua maneira, a dramaturgia nacional e o regionalismo da década de 1930, como o objetivo de criar uma estética nacional popular.O conceito “armorial” está ligado á heráldica, isto é, o conjunto de insígnias, brasões ,escudos e bandeiras de um povo. A função desses símbolos é representar e evocar a identidade cultural daqueles que os utilizam.
A cultura popular nordestina é a bandeira de Ariano Suassuna . Com essa combinação de influencias , sua peça Auto da compadecida,por exemplo, alcançou amplo sucesso no Brasil e no exterior. A intertextualidade é uma característica marcante da dramaturgia de Ariano, ele retoma livremente termas e técnicas de folhetos de cordel do interior de Pernambuco ,assim como do universo circense e das peças populares da Idade média portuguesa, da Comédia dell’arte do renascimento italiano e do barroco espanhol.
João Grilo, protagonista de Auto da compadecida, é ao mesmo tempo a figura típica do sertanejo nordestino(pobre, faminto , mas resistente), presente nas narrativas cantadas da região, e a encarnação regional da figura do pícaro, anti-herói que transita entre a ordem e a desordem , a fim de transformar a própria miséria em sustento.
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