Capitulo 17
João Cabral de Melo Neto: O arquiteto da linguagem
O pernambucano João Cabral de Melo Neto(1920-1999) é contemporâneo dos poetas da Geração de 45, que retomam os modelos clássicos de composição. Cabral compartilha com eles o formalismo no tratamento da linguagem, mas na sua a poesia o rigor construtiva é muito mais que a volta a convenções consagradas. João Cabral é o idealizador de uma poesia calculadamente arquitetada para apreender a emotividade que há nas coisas do mundo, sem que o poeta tenha que, para isso, partir de uma emoção pessoal.
A Poesia
Os dois últimos livros publicados por João Cabral se intitulam Sevilha andando(1989) e Andando Sevilha(1990). Por conta dessa busca da construção racional da poesia, a imagem do arquiteto e a do engenheiro são freqüentemente associadas ao poeta.
Duas águas: entre o poema e o Nordeste
Em 1956, João Cabral de Melo Neto lançou Duas águas, livro em que reunia toda sua obra publicada até então-Pedra do sono(1942), Os três mal-amados(1943), O engenheiro (1945), Psicologia da composição com a fábula de Anfion e Antiode(1947) e O cão sem plumas(1950). A primeira que até o livro Psicologia da composição, comporta, como preocupação de fundo, uma questão metalinguística , definidora da mencionada antilira cabralina. A influencia da pintura surrealista do primeiro livro vai cedendo espaço á dessublimação da poesia e do próprio eu lírico –ou seja , a retirada da aura sublime,elevada,do fazer do poeta.
Na segunda fase, muda o assunto predominante nos poemas. Eles já não tratam diretamente da natureza da poesia,mas a poética proposta na primeira fase está presente na forma de tratar seu novo tema preferencial: O drama nordestino.
Nas obras posteriores, a tensão entre as linhas de força sugeridas por Duas águas (a reflexão sobre a composição do poema e a expressão do drama nordestino humano) continua a ser trabalhada dentro de cada obra, definindo cada vez mais precisamente o projeto poético de João Cabral. O ponto culminante dessa investigação encontra-se no livro A educação pela pedra, de 1966.
A busca pela simetria na composição é levada aqui ás ultimas conseqüências .Feita de 48 poemas, a obra é dividida em quatro seções de 12 textos cada, organizadas pela forma (poemas de 16 versos nas duas primeiras seções, e 24 versos nas outras duas) e pela temática (social em duas seções intituladas “Nordeste”; e de temas variados nas outras duas, chamadas “Não Nordeste”.
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