Capitulo 16
Clarice Lispector: Um
coração selvagem
Clarice Lispector
ocupa, ao lado de João Guimarães Rosa, papel central no que a
critica literária convencionou chamar de ficção de vanguarda
brasileira. Sua obra contrasta radicalmente com o romance brasileiro
da década de 1930.
Filha de judeus nascida
na Ucrânia, cuja família emigrou para o Brasil quando ela tinha
dois anos, desde que foi alfabetizada Clarice manifestou interesse
pela leitura. Ainda criança, arriscou-se a escrever uma peça de
teatro(pobre menina rica) e pequenas histórias que enviava para um
jornal de Pernambuco. Clarice publicou extensa obra literária, na
qual se destacam romances como Perto do coração selvagem(1944), O
lustre(1946), A cidade sitiada(1949), A maçã no escuro(1961), A
paixão segundo G.H(1964), Uma aprendizagem ou o livro de contros
como Laços de família (1960), A legião estrangeira(1964),
Felicidade clandestina(1917)e a via crúcis do corpo (1974).
A Crise da
Subjetividade
A prosa de Clarice
desce cada vez mais fundo na representação da realidade intima do
ser humano. Dissolve a linha cronológica do enredo, rompe a
fronteira entre a voz do narrador e a das personagens, cria metáforas
inusitadas.
A correnteza da
intimidade e da linguagem
Um recurso narrativo
radicaliza a imersão na intimidade dos narradores e personagens da
obra clariana: o monólogo interior. A técnica consiste em
representar o fluxo de consciência , a desarticulada atividade
mental ainda em estado anterior á verbalização, não linear,
fragmentada. É como se o “eu” da personagem se desdobrasse e se
interrogasse.
Cotidiano e epifania
O fluxo de consciência
costuma derivar de uma sensação súbita de arrebatamento do
individuo, a chamada epifania. O gatilho da epifania, acionado pelo
cotidiano, dá incio então a uma reflexão sobre a existência,
capaz de misturar sensações antagônicas como o medo e o fascínio,
o desejo e a repulsa, as delicias e o sofrimento de viver.
Nenhum comentário:
Postar um comentário