Capitulo 15
João Guimarães Rosa: “Viver é muito perigoso”
Uma obra “espantosa”
O adjetivo reproduz o
espanto e a admiração da critica literária diante da obra, que
consagrou seu auto como um dos mais importantes escritores
brasileiros de todos os tempos. A literatura de Guimarães Rosa se
inscreve na vanguarda da narrativa brasileira contemporânea , em
virtude de três fatores principais: o vocabulário riquíssimo, o
narrador totalmente imerso na cultura regional, as historias variadas
e surpreendentes. Como resultante de um só ou de todos esses fatores
somados, a literatura de Guimarães Rosa é considerada grandiosa e
difícil de ser interpretada desde a publicação de seu primeiro
livro de contos, Sagrana(1946).
Além de Sagrana,
publicou também Corpo de baile(1956), conjunto de novelas
posteriormente desmembrando em três volumes: Manuelzão e
Miguilim;No Urubuquaquá,no Pinhém e Noites do sertão. Prestigiado
e premiado no Brasil, Guimarães Rosa teve sua obra traduzida para
vários idiomas. Uma de suas grandes contribuições á literatura
brasileira foi trazer novamente o regionalismo para o centro da
ficção,mas completamente transformado e revitalizado.
O narrador e as histórias
A obra de Guimarães
Rosa está impregnada de “causos” que lembram histórias de
tradição oral. Manuel Fulô, protagonista do conto “corpo
fechado”, é um sujeiro metido valentão. O tom de oralidade e o
emprego de um vocabulário popular são dois elementos determinantes
para a imersão do narrador na cultura regional do sertão. A imersão
do narrador na cultura regional se evidencia também por meio das
histórias contadas: muitas delas aderem sem reservas ao imaginário
cultural e religioso do sertão. Qualquer que seja o tema das
hist´roias, observa-se em quase todas elas o apagamento de
referencias cronologias, o que, segundo a critica , transforma o
sertão de Guimarães Rosa em um cenário mítico e atemporal, que
transcende limites históricos e geográficos. Essa adesão promovida
por meio do discurso indireto livre é a grande responsável por
mergulhar o leitor em um universo quase mágico: a cultura do outro.
A linguagem
A crítica classificada
a obra de Guimarães Rosa como literatura de invenção, que tem como
aspecto mais evidente os neologismos. No campo do vacabulário, a
inovação ocorre também pelo emprego de arcaísmos, palavras que
não pertencem mais ao emprego corrente.Reaparecendo no texto
literário moderno, elas adquirem um surpreendente frescor, que lhes
dá sabor de novidade. Juntam-se aos neologismos e aos arcaísmos os
termos eruditos, que muitas vezes aparecem lado a lado com vocábulos
e ditos populares.
No campo da sintaxe,
observa-se o domínio externo do ritmo das frases, nas quais é
possível perceber a musicalidade da fala sertaneja. Outro elemento
importante na linguaguem de Guimarães Rosa é o humor, presente na
criação de tipos cômicos e nas piadas e anedotas que fazem parte
dos contos e novelas.
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